O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça.
(Pv 16.18)
Confesso que cheguei a pensar que os resultados demonstrariam que ela tinha razão. Primeiro, a derrota para Bielo-Rússia, como conseqüência imediata do desentendimento com o treinador Paulo Bassul. Em seguida, o desafio de uma repescagem, tendo pela frente Angola e a sempre temível equipe cubana.
Felizmente, a seleção feminina de basquete do Brasil garantiu vaga nos Jogos Olímpicos de Pequim ao vencer Cuba por 72 a 67 no pré-olímpico mundial, no último domingo, em Madri. O resultado deu o direito ao Brasil de disputar sua quinta olimpíada. E, o mais curioso, aconteceu sem sua principal jogadora, a ala Iziane, afastada da equipe pelo treinador. A atleta ficou irritada por ter sido sacada do time durante o jogo com a Bielo-Rússia e por isso se recusou a retornar à quadra quando solicitada a jogar novamente.
Caso você se sinta tentado a condenar Iziane, lembre que ela não está sozinha nesse tipo de atitude. Sem exceção, todos nós temos alguma cota de orgulho. O duro é que quando menos esperamos, especialmente sob pressão ou ameaça, nossa soberba nos rouba o controle emocional, sabotando nossa paz. E, quase sempre, destruindo relacionamentos, carreira e até a própria saúde.
Na partida contra Cuba, a jogadora Micaela foi a principal pontuadora, com 22 pontos. Mas, cá para nós, a cestinha em todo esse episódio foi mesmo a humildade. Mais uma vez, aprendemos o valor dessa rara qualidade humana. Ocupamos um lugar no mundo, mas não somos o centro dele. Nosso ponto de vista é importante, mas é sempre a vista de um ponto. Temos o direito à voz, mas a última palavra nunca é nossa. Nossa individualidade faz a diferença, mas é no coletivo que reside a maior força.