terça-feira, 26 de agosto de 2008

O salto da dignidade

“ Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.”(Sl 8.5)

Passava das 8h45 (horário brasileiro) da sexta-feira, 22 de agosto, quando Maurren Higa Maggi conquistou o ouro em Pequim 2008. Posicionada na pista do Ninho de Passáro, ergueu os braços para a platéia, pediu o apoio da torcida e concentrou-se. Em seguida, deu um soco no ar e saltou 7,04 metros, 1 centímetro a mais do que a última tentativa da russa Tatyana Lebedeva,

Mas a história da nossa campeã nem sempre foi dourada. Suspensa por uso de doping em 2003, acusação que até hoje nega, a atleta teve que ficar quase três anos afastada das pistas. Em 2004, na Olimpíada de Atenas, Maureen era apenas uma dona-de-casa sedentária que via pela TV sua principal adversária Tatyana Lebedeva ganhar a medalha de ouro no salto em distância.

Na entrevista após a vitória, Maureen explicou seu retorno ao esporte: “O atletismo é a única coisa que eu sei fazer na vida. Não estudei, não fiz nada, só sei ser atleta. Então resolvi me dar mais uma chance”. Decisão acertada que seria comemorada abraçada com o técnico, Nélio Moura, que acompanha a atleta desde os 16 anos e nunca deixou de acreditar nela.

O salto de Maurren tem um valor que ultrapassa a histórica conquista do ouro para o atletismo brasileiro. Representou também a incrível capacidade humana de dar a volta por cima e superar suas próprias dificuldades. E, com isso, nos lembrar o quanto o ser humano é digno. Independentemente das circunstâncias que esteja atravessando, há uma grandeza em cada pessoa. Você não pode permitir que lhe roubem essa dignidade. E não deve tentar tirá-la de ninguém. Afinal, essa honra foi concedida por Aquele lá de cima.

domingo, 17 de agosto de 2008

A trajetória do ouro

“ O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas a vitória vem do SENHOR.”(Pv 21.31)

“Tento dormir o suficiente, me alimentar o suficiente e treinar o mais que posso. Além disso, há outras coisas que me favorecem, como a relação que tenho com o meu treinador, e sim, claro, o jeito como eu nasci”. Este é o americano Michael Pelps – maior fenômeno da natação de todos os tempos, o atleta que mais ganhou ouros em olimpíadas.

Para nós, brasileiros, o Cubo d’Água, em Pequim, também foi palco de um momento raro de triunfo e superação individual. O paulista César Augusto Cielo Filho, de 21 anos, ganhou uma inédita medalha de ouro na natação ao vencer os 50 metros livres, batendo o recorde olímpico na prova mais rápida e estonteante da modalidade.

Os três últimos anos de treinamento nos Estados Unidos, longe da família e com uma rotina de cinco horas diárias de treino, mais uma hora de musculação, deram resultado. Além do ouro, Cielo conquistou também o bronze nos 100 metros livres, transformando-se no novo herói do esporte brasileiro – e nosso maior nadador de todos os tempos.

Quando você desejar uma vitória, lembre-se dos exemplos acima. O lugar mais alto do pódio foi conquistado por esses atletas através de intensa preparação que exigiu esforço, disciplina e muito sacrifício. Essa foi a parte deles, cumprida com excelência. Por outro lado, a constituição física de cada um, as pessoas que surgiram para ajudá-los nessa trajetória e a oportunidade que tiveram de brilhar em Pequim estavam fora do controle desses campeões. Foram dádivas dAquele lá de cima. Preparação e oportunidade. Sem uma delas, a história seria diferente.

sábado, 9 de agosto de 2008

Lidando com emoções negativas

“ Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.”(Ef 4.26)

Sempre que tenho raiva de alguém lembro do que aconteceu entre meu pai e meu irmão. Eles eram pessoas muito parecidas e se amavam muito. Até que um dia, papai decidiu ir embora, deixando mamãe sozinha com três filhos. Meu irmão ficou profundamente magoado com nosso pai. Alguns anos depois, ao se reencontrarem, papai pediu a bênção ao meu irmão e ele respondeu:”Bênção ao pai ? Que pai ?“. Os dois morreram com esse ressentimento mútuo.

Temos pouco ou nenhum controle sobre o que pode acontecer conosco e nos arrebatar emoções negativas como a ira. Por mais que eu dirija com bastante cuidado, sempre correrei o risco de ser fechado por algum motorista imprudente e ainda ouvir ofensas publicamente. Se você tem um senso de justiça elevado e já foi vítima de um fura-fila cínico, sabe do que estou falando.

Mas precisamos lembrar que somos responsáveis pela reação diante do que nos acontece. Temos que decidir o que fazer com esse pequeno mas valioso espaço entre o estímulo provocado pelos outros e a resposta que iremos oferecer. E para viver uma vida de alegria máxima, precisamos aprender a lidar com as emoções negativas de maneira equilibrada.

Por isso, quando for provocado ou insultado por alguém conte até dez. Se for muito sério, procure se retirar e dar uma boa caminhada. Mostre compaixão com a outra pessoa, dando-lhe graciosamente o benefício da dúvida. Lembre-se que o mais importante não é estar certo, mas ser feliz. E não esqueça de liberar o perdão que Aquele lá de cima já nos concedeu.

domingo, 3 de agosto de 2008

Cuidado com seus pedidos

“Mas o povo não se importou com o aviso de Samuel.
Pelo contrário, eles disseram: —Não adianta.
Nós queremos um rei.
”(1 Sm 8.19)

Minha filha caçula já não agüenta mais meus constantes pedidos. Preparar um lanche. Atender o telefone. Servir um copo com água. Tento barganhar os favores dela, explicando a importância de servir (embora, neste caso, eu esteja sendo servido) como um valor para a vida toda. Mas talvez ela tenha razão. Acho que estou passando da conta.

Tenho um colega de trabalho que surpreendeu a todos quando nos disse que tinha entrado para a política. Seguindo a tradição da família, registrou sua candidatura para vereador numa pequena cidade do litoral cearense. Ainda no início da campanha, está chocado com a tamanha quantidade e a forma explícita de pedir dinheiro por parte dos eleitores.

Pedir faz parte do kit básico de sobrevivência humana. Pedimos como resposta ao desafio de atendermos nossas necessidades. Exigimos nossos direitos como um exercício indispensável de cidadania. Mas, o ato de pedir, felizmente, é também uma evidência de que não somos auto-suficientes. Faz-nos enxergar que precisamos do apoio das outras pessoas e que elas precisam também da nossa ajuda.

É por isso que precisamos aprender a pedir bem. Pedir só porque viu que o outro tem, pode não ser uma necessidade, mas inveja. Cuidado também com o que você pede. Nem tudo que reluz é ouro, diz o ditado. Outro segredo importante é levar em consideração os interesses das outras pessoas nos seus pedidos. E o detalhe fundamental: saber acolher os resultados dos seus pedidos, na certeza de que somente Aquele lá de cima conhece o que é verdadeiramente melhor para cada um de nós.