Passava das 8h45 (horário brasileiro) da sexta-feira, 22 de agosto, quando Maurren Higa Maggi conquistou o ouro em Pequim 2008. Posicionada na pista do Ninho de Passáro, ergueu os braços para a platéia, pediu o apoio da torcida e concentrou-se. Em seguida, deu um soco no ar e saltou 7,04 metros, 1 centímetro a mais do que a última tentativa da russa Tatyana Lebedeva,
Mas a história da nossa campeã nem sempre foi dourada. Suspensa por uso de doping em 2003, acusação que até hoje nega, a atleta teve que ficar quase três anos afastada das pistas. Em 2004, na Olimpíada de Atenas, Maureen era apenas uma dona-de-casa sedentária que via pela TV sua principal adversária Tatyana Lebedeva ganhar a medalha de ouro no salto em distância.
Na entrevista após a vitória, Maureen explicou seu retorno ao esporte: “O atletismo é a única coisa que eu sei fazer na vida. Não estudei, não fiz nada, só sei ser atleta. Então resolvi me dar mais uma chance”. Decisão acertada que seria comemorada abraçada com o técnico, Nélio Moura, que acompanha a atleta desde os 16 anos e nunca deixou de acreditar nela.
O salto de Maurren tem um valor que ultrapassa a histórica conquista do ouro para o atletismo brasileiro. Representou também a incrível capacidade humana de dar a volta por cima e superar suas próprias dificuldades. E, com isso, nos lembrar o quanto o ser humano é digno. Independentemente das circunstâncias que esteja atravessando, há uma grandeza em cada pessoa. Você não pode permitir que lhe roubem essa dignidade. E não deve tentar tirá-la de ninguém. Afinal, essa honra foi concedida por Aquele lá de cima.