sábado, 21 de novembro de 2009

Uma combinação perfeita

"Então cheguei a esta conclusão: a melhor coisa que uma pessoa pode fazer durante a curta vida que Deus lhe deu é comer e beber e aproveitar bem o que ganhou com o seu trabalho. Essa é a parte que cabe a cada um." (Ec 5.18)

Graças a Deus, sempre gozei de uma boa saúde. A exceção fica por conta de uma amidalite recorrente que de vez em quando insiste em me atacar. O tratamento é simples. Aguardo um ou dois dias para o organismo reagir. Caso a inflamação evolua, começo uma dosagem de antibiótico. Até a medicação surtir efeito, tenho apenas que suportar o desconforto de febre, cefaléias e mialgias durante esse período.

Foi aí que descobri o paracetamol. Trata-se de fármaco com poucas contra-indicações - exceção apenas nos casos de alta dosagem em pessoas com problemas hepáticos - que possui propriedades analgésicas e atua como anti-térmico. Faz parte da composição de uma série de medicamentos usados contra a constipação comum e sintomas de gripe. Era exatamente do que eu precisa para tornar o tratamento com antibióticos bem mais suportável.

Fiquei pensando que algo semelhante poderia se aplicar também como ingredientes para nossa vida. Os antibióticos seriam a disposição, garra e coragem necessários para "matarmos um leão por dia", na luta pela sobrevivência. O paracetamol é aquele toque de leveza que precisamos ter diante de uma realidade muitas vezes dura e massacrante. Não levar tudo tão a sério, encontrar tempo para o lazer e valorizar aquilo que contribua para uma melhor qualidade de vida. Pense nessa combinação. Caso ache perfeita, faço apenas uma advertência: não use remédios sem prescrição médica.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O valor da experiência

"Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração." (Jr 29.13)

Ao longo de mais de 30 anos de trabalho, tive o privilégio de conhecer muita gente interessante. Uma dessas pessoas que já mais esquecerei foi o colega Jurenville. Simples, leal e com um bom humor daqueles que, como diz o ditado, "perdia o amigo mas não dispensava a piada". Trabalhava em atendimento e, certo dia, recebeu uma ligação de um usuário raivoso dizendo que ele deveria resolver logo o problema, pois estava "chovendo de ligações". No que Velho Ju prontamente respondeu: "é só comprar um guarda-chuva".


Recentemente, sonhei que participava de um treinamento e fui surpreendido com a presença do Jurenville no evento. Mesmo achando aquilo estranho, pois sabia que o Velho Jú já não estava mais entre nós, tratei de aproveitar aquele momento e matar um pouco da saudade do tão estimado colega. A empolgação foi tamanha que convenci o Velho Ju de que fosse comigo rever um outro grande conhecido nosso. No meio do caminho, ao tentar ligar para o colega avisando que estávamos a caminho, inesperadamente, o Velho Ju desaparece.


Além de rememorar uma pessoa tão querida como o Jurenville, fiquei pensando o que mais esse sonho poderia evocar de bom. Talvez nos ensinar o valor das experiências em nossas vidas. Afinal, elas são únicas. "Não se toma banho duas vezes no mesmo rio", já dizia o filósofo. São também pessoais, pois a mesma experiência na vida de uma outra pessoa se torna absolutamente distinta. E inalienáveis, já que ninguém tem o poder de nos tirar o legado das experiências que se constituem a essência da nossa própria vida. Mas cabe um alerta: toda riqueza existente nas experiências de fato são transformadoras quando vividas de maneira intensa e profunda.

sábado, 7 de novembro de 2009

A força do propósito

"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Rm 8.28)

Há alguns anos, minha sogra, viúva, decidiu morar conosco. Ela entendeu que deveria passar os preciosos anos da melhor idade ao lado da filha e das netas. Temos nela uma pessoa que nos ajuda muito, especialmente naquelas tarefas simples mas essenciais para o dia-a-dia de uma casa. Contudo, há algo que ela já deixou bem claro: não tolera animais dentro de casa. Certa vez, ao cogitarmos um bichinho de estimação para nossas filhas, dona Helena nos ameaçou: "ou ele ou eu."

É o oposto de dona Jô. Conheci-a recentemente, ao gritar do meio da rua pedindo-me carona. Estava aflita para encontrar ainda aberta uma agência bancária. Precisava de dinheiro para pagamento de dívidas contraídas com a compra de alimentação para seus cinquenta gatinhos. Não pense que você leu errado. De fato, são meia centena de felinos e, ainda de quebra, sete cachorros que vivem juntos com dona Jô. Diferentemente de minha sogra, quando foi encostada na parede pelo marido, dizendo "ou eu ou eles", dona Jô respondeu sem hesitar: "fico com meus bichinhos".

Com ou sem gatos, todos nós precisamos de um propósito para viver. Sem objetivos não faremos boas escolhas, pois todos os caminhos nos parecerão apropriados. Quando as circunstâncias nos sugerem que o melhor é desistir, são nossos alvos que nos dão motivo para continuar seguindo em frente. E, além disso, devo confessar, ainda não descobri nada mais gratificante do que uma meta conquistada.

domingo, 1 de novembro de 2009

Não leve tudo tão a sério

"Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de vocês." (1 Pe 5.7)

Recentemente, uma de minhas filhas tirou carteira de motorista e começou a dirigir. Ao tentar estacionar o carro, encostou numa coluna da garagem e arranhou o veículo. Algo bastante trivial de acontecer com qualquer um que dirige, ainda mais para quem está apenas começando.

Não com Amanda. Parecia ser o fim do mundo. Fez uma tempestade num copo d'agua. Ficou um bom tempo chorando, a lamentar pelos arranhões e amassadura do carro. Diante do medo de bater novamente, chegou a dizer que nunca mais voltaria dirigir, encerrando ali sua breve experiência de motorista.

Fiquei pensando que somos todos assim. Temos o péssimo hábito de dar uma dimensão bem maior ao tamanho real dos nossos problemas. Permitimos que uma difilculdade, muitas vezes pontual e localizada, contamine todas as áreas de nossa existência. Que tal simplificarmos mais a nossa vida não levando tão a sério aquilo que de fato não é ? No caso de Amanda, felizmente se convenceu de que aquilo era tolice, tratou de providenciar o conserto do carro e já está dirigindo novamente.