"... quem toma emprestado é escravo de quem empresta." (Pv 22.7)
Minha sogra está muito preocupada. Disseram a ela que o governo vai mexer na poupança. Tentei tranquilizá-la com a notícia de que a medida é uma proposta que ainda deverá passar pela análise e votação do Congresso. Além disso, mesmo se aprovadas, as novas regras de tributação - que afetam somente os rendimentos sobre a parcela acima de R$ 50 mil - só passariam a vigorar a partir de janeiro de 2010.
Ainda inconformada, ela indagou-me "por qual razão foram mexer no que está quieto há tanto tempo". Procurei convencê-la de que o governo precisa fazer alguma coisa em relação aos rendimentos da poupança. Com a queda da taxa de juros básica, a poupança está se tornando muito atraente para outros tipo de aplicações financeiras, como os fundos de investimentos. Ocorre que os fundos são os grandes compradores de títulos públicos - os papéis com que o governo se financia e rola sua dívida. Portanto, caso o governo não faça nada, certamente se achará numa situação financeira insustentável.
No esforço de toda essa explicação, fui supreendido por uma dura constatação. Além de provocar apreensão em muita gente, evocando os fantamas do confisco de um passado não muito distante, as mudanças anunciadas para a poupança não resolverão o problema de uma forma definitiva. Isso só acontecerá a partir do equilíbrio das contas públicas, interrompendo o ciclo vicioso do adiamento, pelo governo, da quitação de sua dívida interna. Como toda solução verdadeira, essa também só virá pela atitude corajosa de se começar por um dever de casa bem feito.
sábado, 23 de maio de 2009
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