domingo, 31 de maio de 2009

A dimensão econômica e a verdadeira liberdade

"Vês a um homem perito na sua obra? Perante reis será posto; não entre a plebe." (Pv 22.29)

Muito cedo, senti a necessidade de não depender financeiramente dos meus pais. Talvez por desejar tanto essa condição, ainda jovem fui forçado a viver tal realidade. Meu pai deixou esposa e três filhos desamparados. Com isso, aos 15 anos tive que começar a trabalhar para ajudar minha mãe no sustento da família. Embora de uma forma muito dura, ali comecei a aprender a importância da independência econômica para a livre escolha do próprio destino.


Nos últimos anos, os programas sociais adotados pelo governo federal têm sido efetivos na redução do abismo social existente no país. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a meta para 2009 é de incorporar cerca de 1,3 milhão de novos beneficiários ao Bolsa Família, passando o programa a atender um total de 12,4 milhões de pessoas.


Mas talvez seja oportuno refletir sobre a nossa experiência de abolição da escravatura. Após os anos seguinte à Lei Áurea, sancionada em 1888, os ex-escravos tiveram que se virar para serem abosorvidos pela sociedade e sobreviverem. Dependendo da área em que atuavam - nas minas, na lavoura, nos ofícios urbanos -, foram integrados de forma diferente ao mercado. Alguns trabalhadores da cidade contaram com a grande vantagem de dominar um ofício. Outros que não tiveram a mesma sorte encontraram dificuldades em desfrutar uma emancipação verdadeira.

Por essa razão, torna-se cada vez mais premente a necessidade de se intensificar os esforços que complementam os programas sociais com iniciativas que assegurem portas de saída aos beneficiados. Ou seja, é preciso capacitá-los para caminhar com as próprias pernas, proporcionando formação escolar e profissional de qualidade, no contexto de uma economia saudável e competitiva que ofereça oportunidades.

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