quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Portas abertas em 2010
Talvez neste ano que termina muitas portas tenham permanecido fechadas para você. Aquele relacionamento que não se firmou. A aprovação no vestibular que não aconteceu. A vaga no emprego que ainda não surgiu. A saúde que não se recuperou completamente. Ou, quem sabe, o lado financeiro que teima em não se equilibrar.
Meu desejo é que as portas se abram para todos nós em 2010. Que os obstáculos dêem lugar para aquelas oportunidades com as quais temos tanto sonhado. E, mais importante, torço para que essas portas dêem acesso a pessoas, realizações e conquistas que, de fato, nos tragam felicidade e crescimento.
Mas não esqueçamos de que quase sempre não temos o poder de abrir as portas. A nossa parte é estarmos bem preparados para quando elas se abrirem. Tendo o discernimento de não entrar naquelas que possam prejudicar outras pessoas. A serenidade para respeitar as que permanecerem fechadas. E a fé para saber esperar as portas que nos estão reservadas.
Publicado no jornal O Povo
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Cuidado com as conclusões apressadas
Minhas filhas são muito vaidosas. Uma delas desde pequena reclama de um diastema nos incisivos superiores. Apesar de ser apenas uma pequena separação entre dois dentes, ela nunca se conformou com aquilo, achando que só lhe trazia prejuízos. Até que uma revisão odontológica mudou completamente sua compreensão desse fato.
O dentista constatou que, apesar de ter passado dos 20 anos, Amanda ainda tinha um dente de leite obstruindo o nascimento de um canino permanente. E o mais curioso foi o diagnóstico do especialista de que a erupção do novo dente só iria acontecer normalmente graças à existência do diastema nos incisivos. Isso mesmo, aquela característica que minha filha via como um "defeito" era agora a solução de um grande problema.
É frequente nos apressarmos nas nossas conclusões para logo em seguida descobrirmos que estávamos completamente enganados. A realidade é complexa e nossa percepção é limitada. Temos uma memória quase sempre muito curta. Lidamos com muitos pontos cegos quando tentamos enxergar o presente. E a visão do futuro existe apenas como fruto da nossa imaginação. Por isso, assim como canja de galinha, humildade e prudência não fazem mal a ninguém.
Publicado no jornal O Povo
domingo, 13 de dezembro de 2009
Aceite sua dose de sacrifício
Relutei bastante em tratar de um tema considerado completamente fora de moda. Mas é preciso reconhecer que ninguém quer saber de sacrifícios. Vivemos na busca incessante de tudo que é prazeroso, rejeitando ou fugindo de qualquer coisa que nos sinalize dor e sofrimento. Resultado de um traço da natureza humana potencializado pelos valores do nosso tempo.
Curiosamente, entretanto, nunca o sacrifício foi tão necessário. O mundo está cada vez mais competitivo. Sobreviver hoje em dia é tarefa que nos impõe um esforço constante. Demanda uma forte preparação com excelência em tudo que se fizer. Além de exigir uma mente sempre aberta a aprender e se renovar.
domingo, 6 de dezembro de 2009
A arte de educar filhos
Desde pequena minha esposa foi uma excelente aluna. Daquelas que os mais incomodados rotulam de CDF. Contam que numa única vez em que tirou uma nota abaixo de 10 caiu em prantos. Minha sogra ainda hoje, sempre que tem oportunidade, faz questão de mostrar os boletins considerados verdadeiros troféus conquistados pela filha que sempre lhe foi motivo de bastante orgulho.
Agora, como mãe, Adriana está enfrentando a dura realidade de aceitar e continuar amando filhas que ainda não apresentaram um desempenho escolar tão elevado como sempre foi sua marca. Como normalmente passam de ano sem ficar em recuperação, é preciso fazer justiça de que as meninas podem ser consideradas alunas acima da média. Mas, de fato, para elas uma nota abaixo de 10 está longe de representar o fim do mundo.
Conversando sobre o assunto, chegamos à conclusão de que só nos resta perseverar em fazermos a nossa parte, oferecendo todo o apoio necessário e dispensando o cuidado no acompanhamento da vida de cada uma, incluindo a formação escolar. Afinal, mesmo desejando o melhor para nossos filhos, precisamos ter consciência de que o futuro deles permanece em aberto. Amá-los de verdade é liberá-los para que sejam quem de fato eles devem ser e não o que queremos que eles sejam. Nossa única certeza, portanto, é de que, se cumprirmos de maneira honesta e responsável a tarefa de pais, nós mesmos e não eles, nos tornaremos pessoas bem mais tolerantes e pacientes.