domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sacrifício ainda é o melhor caminho

"Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." (Mc 8.34)

Sou grato a Deus pela oportunidade de poder oferecer educação aos meus filhos. Afinal de contas, estudo é uma condição básica para se conquistar uma vida digna na sociedade do conhecimento. Felizmente, cada um do seu jeito, todos têm procurado fazer sua parte e aproveitar esse enorme privilégio num País de tantas carências sociais.

Não me lembro, contudo, de ter insistido uma vez sequer para que meu primogênito realizasse suas tarefas escolares. Justiça seja feita, Filipe foi sempre um aluno muito responsável. É evidente que precisou pagar o preço por isso, incluindo o custo de ser tachado de
nerd pelos colegas. Mas a recompensa veio naturalmente: passou no primeiro concurso público que fez, logo após concluir um curso superior.

Nos dias atuais, soa muito mal recomendar qualquer tipo de sacrifício. Vivemos no mundo do fast-food: tudo tem que ser imediato e do jeito que as pessoas desejam. Mas o fato concreto é que a renúncia voluntária do que hoje é importante, a fim de se conquistar algo melhor no futuro, ainda é o caminho mais sensato para a realização dos nossos sonhos. Meu querido Filipe que o diga.

Publicado no jornal O Povo

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O verdadeiro sentido da vida

"No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás." (Gn 3:19)

Ryan Bingham (George Clooney) é pago para viajar pelos Estados Unidos despedindo funcionários de empresas em crise. Desapegado de tudo e de todos, ele passa a maior parte do tempo entre aeroportos, hotéis e carros alugados. É membro de elite de todos os programas de fidelidade existentes e está próximo de atingir seu maior objetivo: 10 milhões de milhas voadas.

Ryan tem uma casa em que passa apenas alguns dias por ano; duas irmãs que mal vê; relacionamentos esporádicos que considera reais. Mas sua vida profissional dá uma reviravolta e seu chefe ameaça mantê-lo permanentemente na sede da empresa. É quando ele se envolve com Alex (Vera Farmiga) e, pela primeira vez, vê a perspectiva de ficar em terra firme, contemplando o que realmente pode significar ter um lar.

Os personagens são do filme "Amor sem escalas", mas certamente você já viu histórias reais muito parecidas com esse roteiro. Pessoas com vidas que giram somente em torno da profissão. Cedo ou tarde cai a nossa ficha. Esse é um lado, sim, importante e necessário. Mas nunca um fim em si mesmo. Tudo que fazemos, incluindo o trabalho, deve ser dirigido pelo verdadeiro sentido da nossa existência: relacionamentos que construimos e desfrutamos ao lado de Deus, da família e dos amigos.

Publicado no jornal O Povo

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O valor da autenticidade

"Respondeu Amós e disse a Amazias: Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros." (Am 7.14)

A corrente necolássica de economistas tinha uma visão idealizada da empresa como um agente muito bem definido e sem grandes diferenças, caracterizado apenas por suas decisões de produção - o que, como, quanto e para quem produzir - essencialmente governadas pelo objetivo de maximização dos lucros.


A grande contribuição de Edith Penrose (1914-1996) foi romper com o conceito neoclássico de indústria como um conjunto de empresas homogêneas. Para a economista americana, não há duas empresas iguais, já que os conhecimento que as organizações possuem e, em consequência, os resultados por elas alcançados, são absolutamente distintos.


Se a evolução do pensamento econômico chegou à conclusão do valor da singularidade das empresas, deveríamos fazer o mesmo em relação à nossa individualidade. Por isso, não deixe que os rótulos ou padronizações lhe roubem o que você tem de mais precioso: a autencidade que se encontra nas suas raízes, em sua história de vida e nos dons e talentos que lhe são únicos.

Publicado no jornal O Povo