sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A “kenosis” de Fidel

"Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus.
Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu
e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos." (Fp 2.6,7)

Na última terça, Fidel, 81, anunciou a renúncia à Presidência de Cuba e a seu cargo de comandante do Partido Comunista após 49 anos na liderança da ilha. Fidel, que encabeçou a Revolução Cubana em 1º de janeiro de 1959, já havia transferido seus poderes ao irmão Raúl Castro, 76, em julho de 2006, quando se afastou do comando da ilha por motivo de doença.

Em artigo publicado no jornal estatal "Granma", o líder cubano afirmou que não retornará à Presidência do país e que seu irmão Raúl será o novo presidente. Justificando a decisão tomada, afirmou: "Trairia minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total quando não estou em condições físicas de oferecer isso".

No texto bíblico transcrito acima, kenosis é a palavra grega utilizada por Paulo com o significado de “abrir mão, esvaziar-se” ou, como preferem alguns, “fazer-se a si mesmo sem nenhuma reputação”. Kenosis foi a atitude voluntária de Jesus, aquele que decidiu abrir mão de sua reputação ou poder divino e assumir com humildade sua natureza humana.

Torço para que a saúde de Fidel dê a ele a oportunidade de desfrutar e compartilhar as recompensas de sua kenosis. É claro que o peso da idade compeliu o “Comandante” a tomar essa decisão. Mesmo assim, acredito que o gesto de Fidel, em abrir mão das prerrogativas formais do poder, trará resultados bastante positivos, confirmando as lições que a experiência da verdadeira kenosis de Jesus nos ensina:

1. Busque menos o TER e mais o SER;
2. Encontre a riqueza que há na simplicidade;
3. Descubra o prazer do serviço voluntário;
4. Seja humilde e esteja certo que Deus o honrará.

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