sábado, 27 de dezembro de 2008

Fim de ano é tempo de comemorar

"Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé." (2 Tm 4:7)

Fim de ano é tempo de comemorar. Não fique desanimado se algumas metas não foram alcançadas. Vibre com as conquistas que foram mais importantes. Não ligue tanto para os erros cometidos. Celebre os muitos acertos. Esqueça as oportunidades eventualmente deixadas de lado. Guarde com carinho aquelas que foram tão bem aproveitadas.

O que importa mesmo é a convicção de que fizemos o nosso melhor. Tendo a consciência de que enfrentamos com coragem os desafios que não foram poucos. Experimentando o sentimento gratificante de não ter desistido no primeiro obstáculo. Desfrutando a alegria de ter crescido como pessoa ao superar nossos próprios limites.


Conta a lenda que para um jovem índio Cherokee se tornar homem, o pai deve levar o filho com os olhos vendados para o topo de uma montanha e ali deixá-lo sozinho durante toda a noite. Na escuridão, o garoto não pode gritar pedindo socorro. Ao amanhecer, ele tira a venda e então descobre que seu pai estivera sentado a noite inteira perto dele protegendo-o do perigo.


Por isso, nas suas celebrações de fim de ano, antes de tudo não esqueça de agradecer Àquele que lhe dispensou cuidado, proteção e ajuda durante todo o ano de 2008, especialmente naqueles momentos decisivos em que você e eu jamais imaginávamos que Ele sempre estivera ao nosso lado.


Feliz 2009 !

sábado, 20 de dezembro de 2008

Neste natal, deixe que Ele desate seus nós

"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo." (Mt 1.18)

Imagine você estando com tudo pronto para casar e, de repente, recebe a notícia de que sua noiva está grávida. Adicione o fato de que isso acontece numa sociedade fortemente patriarcal. Reconheça que seria uma tragédia. Mesmo hoje em dia, quando é comum a intimidade do casal acontecer antes do matrimônio, é muito provável que ficaríamos atônitos, sem saber o que fazer.


Foi exatamente isso que aconteceu no nascimento de Jesus Cristo. Antes do Filho de Deus nascer, era José, futuro marido de Maria, quem se encontrava numa grande encrenca. Aquela que seria a futura esposa correndo o risco de ter a honra difamada. Uma criança que viveria sem saber quem era o pai. Fala sério, do ponto de vista humano, um problema impossível de resolver.


Quando pequeno, lembro das muitas vezes que, ao calçar os sapatos, descobria que havia nós nos cardarços. Curioso era que quase sempre eles tinham sido dados por mim mesmo, ao retirar os próprios sapatos sem desfazer os laços com cuidado. O jeito era apelar para meus pais e pedir para que desatassem aqueles nós.


Ao pensar nisso, fico imaginando que Deus é especialista em desatar nós. Aqueles que eu e você damos nos cadarços da nossa própria vida. Até mesmo os nós dados por outras pessoas ou pelas próprias circunstâncias da nossa existência. Foi isso que Ele fez na vida de José, Maria e de Jesus. E é isso que Ele deseja fazer na sua vida neste natal.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O exemplo do tricolor paulista

"Tudo o que você tiver de fazer faça o melhor que puder, pois no mundo dos mortos não se faz nada, e ali não existe pensamento, nem conhecimento, nem sabedoria. E é para lá que você vai." (Ec 9.10)

Como torcedor do São Paulo, por incrível que pareça, estou aliviado. É verdade. O normal, é claro, seria uma efusiva alegria diante do título inédito de hexacampeão brasileiro, sendo três vezes consecutivas. Mas depois de uma semana de muita expectativa, após escapar a chance de conquistar o campeonato com o estádio do Morumbi lotado, o sentimento era somente de apreensão.


A cada ano que passa aprendo a torcer mais pelo São Paulo. Como fã ardoroso do futebol, até que não é difícil gostar de um time vitorioso. Mas confesso que minha admiração pelo clube vai além das quatro linhas. O que me chama mais atenção é o diferencial do time em manter uma estrutura que tem apresentado níveis cada vez maiores de organização e profissionalismo.


O título do Brasileirão de 2008, ganho na última rodada do campeonato, foi bem diferente dos dois anos anteriores. Segundo o técnico Murici Ramalho, ao lado de Rubens Minelli os dois únicos treinadores brasileiros com três títulos nacionais, a virada aconteceu no início do returno. Após o empate de 1 a 1 com o Atlético Mineiro, Murici teve uma conversa séria com o elenco tricolor, desafiando os atletas a acreditarem que se fizessem o melhor o título ainda seria possível.


Com as marcas históricas conquistadas em 2008 o time do São Paulo tem muito a ensinar para todos nós brasileiros. Somos um povo presenteado por Deus com um terra maravilhosa e um coração cheio de alegria e esperança. Mas falta uma parte que é nossa e que nos tem mantido sempre como o País do futuro. Desta vez, temos na nossa mais popular das manifestações culturais a oportunidade de aprendermos com o exemplo de seriedade, trabalho e disciplina dado pelo tricolor paulista.

sábado, 29 de novembro de 2008

Façamos a nossa parte

"Porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites... E tudo fez Noé, segundo o Senhor lhe ordenara." (Gn 7.4,5)

Aliviados pela "marola" da crise financeira que ainda não tinha chegado até o Brasil, fomos impactados pelos estragos das chuvas que castigaram o estado de Santa Catarina, atingindo 40 municípios, dois quais, 8 ficaram isolados, 12 em estado de calamidade e 32 em situação de emergência.

Já são mais de uma centena de mortos e quase oitenta mil desabrigados. Milhares de deslizamentos, 11 rodovias interditadas, 64 mil imóveis sem energia elétrica, destruição de parte do gasoduto Brasil-Bolívia e o principal porto completamente inoperante, com previsão de seis meses para recuperação.

O povo de Santa Catarina necessitará da assistência e ajuda financeira de toda a nação brasileira, incluindo governos, empresas e sociedade civil. O custo da reconstrução ainda não está fechado, mas deve superar 10 % do PIB do Estado, de R$ 93,2 bilhões, segundo estimativas do governo catarinense.

O duro é saber que, até certo ponto, essa é uma tragédia anunciada. Embora em bem menor intensidade, as chuvas naquela região são comuns neste período do ano. Segundo os especialistas, o estrago não seria tão grande se houvesse, por parte das autoridades, ações voltadas para a preservação das cabeceiras dos rios, o aumento do escoamento do rio Itajaí-Açu e, principamente, um esforço efetivo visando evitar a ocupação irregular das áreas de risco.

Nessas horas, fico pensando por que nós brasileiros somos tão negligentes. Qual a razão para tanta displicência e desatenção com coisas que fazem uma enorme diferença para nossas próprias vidas. Arrisco a imaginar que talvez tenha sido a excessiva generosidade de Deus em nos oferecer uma terra, como diz o poeta, "abençoada e bonita por natureza."

De qualquer modo, agora é hora de darmos as mãos e ajudarmos nossos irmãos catarinenses, na esperança de que eles possam ter um natal melhor, apagando um pouco as lembranças dessa tragédia. E que todos nós possamos aprender a lição de que a bênção divina não dispensa a responsabilidade de fazermos a nossa parte.

sábado, 22 de novembro de 2008

Vendo a crise de um jeito diferente

""Então, as multidões o interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer ?" (Lc 3.10)

Em tempos de crise, o que não falta são profetas. Gente de todo tipo querendo adivinhar como e quando irá terminar toda essa confusão iniciada pelos engravatados de Wall Street.

O duro é que esses videntes de plantão se multiplicam por nossa própria culpa. O ser humano tem necessidade de ter certeza e segurança em tudo que realiza. Temos sérias dificuldades com a dúvida. Não sabemos lidar com aquilo que é incerto.

Por isso,
quanto maior a extensão da crise, mais aumenta nossa angústia. Como estará o dólar daqui a seis meses ? Em que proporção a crise afetará o Brasil ? O que acontecerá com meu emprego no próximo ano ? São perguntas que continuarão sem respostas, só Deus sabe até quando.

Neste momento, talvez nosso maior desafio seja aprender a olhar para a crise de uma maneira completamente diferente. Chega de ficarmos procurando conhecer o que virá pela frente. A crise que aí está é um traço de nossa era marcada pela incerteza. Seguir em frente mesmo com a ausência de clareza da crise atual, quem sabe, seja o melhor que temos a fazer. E, nesse caminho, poderemos descobrir novos sinais de um viver mais solidário, socialmente justo e, acima de tudo, simples.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Minha última homenagem é não ficar triste

Apocalipse 21:4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.

Quando a fé cristã passou a fazer sentido para mim, senti uma vontade enorme de viver essa experiência em comunidade. Lembrei-me que em frente à minha casa havia uma igreja. Foi ali, na Igreja Presbiteriana da Aldeota, que comecei a dar os primeiros passos de uma caminhada que ainda hoje é parte essencial da minha vida.

Jamais vou me esquecer do líder daquela comunidade, pastor Helnir de Melo Cortez. Graças à sua maneira sábia e sempre acolhedora de conduzir as questões humanas, eu e minha família fizemos parte daquela igreja por vários anos, recebendo o cuidado de Deus num momento tão importante de nossa vida espiritual.

Não foi fácil receber a inesperada notícia de sua morte repentina. Ainda mais, acompanhada do lamentável detalhe de ter sido em consequência de um assalto na porta da sua residência. É difícil encontrar uma explicação para um gesto insano de se atirar numa pessoa indefesa e de uma conduta sempre tão gentil e alegre.

Mas a realidade é que Helnir Cortez já não está mais conosco. Porém, a última homenagem que lhe presto é não ficar triste. Pela simples razão de que foi com alegria que ele sempre viveu. E para que muitos possam um dia desfrutar dessa alegria, foi que ele dedicou toda uma vida. Por isso, que vá embora a tristeza.


sábado, 8 de novembro de 2008

Conselhos para Hussein

"Hussein,

Parabéns pela sua vitória. Confesso que também me emocionei bastante quando vi o Jesse em prantos no meio da multidão, em Chicago. Ele presenciou a morte do King e sabe o quanto significa todo esse momento. Pessoalmente, sinto-me também gratificado por ter dedicado minha vida aos valores e ideais que serviram como fonte de inspiração para realização desse sonho.

Quando acabarem as comemorações, você terá que arregaçar as mangas e começar a trabalhar duro. É preciso fazer valer a confiança de milhões de pessoas do seu país e do mundo todo que torceram muito pela sua eleição.Tenho acompanhado de perto toda essa crise que está acontencendo. É duro ver tanta gente desempregada, tendo que devolver suas casas e sem acesso a um plano de s
aúde.

Apesar de muita coisa ter mudado nesses dois milênios, situação
s
emelhante tive que enfrentar na minha missão terrena. Eu estava bem no início e muito voltado para o treinamento da minha equipe. Mas, de repente, fui surpreendido por uma multidão de mais de 5.000 pessoas famintas e atrás de cura. Muitas coisas aprendi com aquela experiência e, quem sabe, poderão ser úteis também para você:
1. Seja fiel às suas promessas de campanha; nunca esqueça de que todos seus eleitores esperam, antes de tudo, que você cumpra o que prometeu;

2. Selecione muito bem sua equipe; trabalhe ao lado de pessoas criativas e que acreditem nos mesmos sonhos que você se propôs a realizar;
3. Logo na posse, seja muito claro e honesto com seus compatriotas, rejeitando fórmulas fáceis e soluções simplistas; diga a todos que os problemas são grandes e complexos e exigirão tempo, quem sabem indo além do seu mandato;
4. Ao começar o esforço de resolver os problemas, agradeça toda a abundância de recursos que seu País já possui e priorize a igualdade na distribuição dessa riqueza, sem desperdício;
5. Jamais esqueça que todas as soluções sempre partirão da sociedade, incluindo as pessoas, instituições, organizações civis e governamentais, além das próprias empresas;
6. E, quando os resultados positivos aparecerem, sempre peça ao nosso Pai que lhe ajude a resistir à tentação da soberba que vem acompanhada do pensamento enganoso de que o mérito é só seu.

Um abraço do eterno amigo JC."

Discurso da vitória de Barack Obama, 47, eleito o primeiro presidente negro e o 44º da história dos Estados Unidos

"Oi, Chicago.

Se alguém ainda duvida que a América é um lugar onde tudo é possível, ainda pergunta se o sonho dos pioneiros ainda estão vivos em nossos tempos, ainda questiona o poder da nossa democracia, esta noite é sua resposta.

É a resposta das filas que cercaram escolas e igrejas em números que essa nação nunca havia visto. Das pessoas que esperaram três horas e quatro horas, muitas pela primeira vez em suas vidas, porque acreditavam que desta vez precisava ser diferente, que as suas vozes podiam fazer diferença.


Obama, as filhas e a mulher, Michelle, durante festa da vitória
Obama, as filhas e a mulher, Michelle, durante festa da vitória

É a resposta de jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, índios, gays, heterossexuais, deficientes e não-deficientes. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo de que nós nunca fomos somente uma coleção de indivíduos ou uma coleção de Estados vermelhos e azuis.

Nos somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.

É a resposta que recebeu aqueles que ouviram --por tanto tempo e de tantos-- para serem cínicos, medrosos e hesitantes sobre o que poderiam realizar para que coloquem a mão no arco da história e torçam-no uma vez mais, na esperança de dias melhores.

Faz muito tempo, porém, nesta noite, por causa do que fizemos nesse dia de eleição, nesse momento decisivo, a mudança chegou à América.

Um pouco mais cedo nesta noite, recebi um telefonema extraordinariamente gracioso do senador McCain. Ele lutou muito e por muito tempo nesta campanha. Ele lutou ainda mais e por ainda mais tempo por esse país que ele ama. Ele enfrentou sacrifícios pela América que a maioria de nós nem pode começar a imaginar. Nós estamos melhores graças ao serviços desse líder bravo e altruísta.

Eu o parabenizo e parabenizo a governadora Palin por tudo que eles conquistaram. Eu estou ansioso por trabalhar com eles e renovar a promessa dessa nação nos próximos meses.

Eu quero agradecer meu parceiro nessa jornada, um homem que fez campanha com o coração e que falou para os homens e mulheres com os quais cresceu, nas ruas de Scranton, e com os quais andou de trem a caminho de Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

E eu não estaria aqui nesta noite sem a compreensão e o incansável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a rocha da nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama dessa nação, Michelle Obama. Sasha e Malia [filhas de Obama] eu as amo mais do que vocês podem imaginar. E vocês mereceram o cachorrinho que irá morar conosco na nova Casa Branca.

E, embora ela não esteja mais entre nós, eu sei que minha avó está assistindo, ao lado da família que construiu quem eu sou. Eu sinto falta deles nesta noite. Eu sei que minha dívida com eles está além de qualquer medida.

Para minha irmã Maya, minha irmã Alma, todos os meus irmãos e irmãs, muito obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a eles.

E agradeço ao meu coordenador de campanha, David Plouffe, o herói anônimo da campanha, que construiu o que há de melhor --a melhor campanha política, penso, da história dos EUA.

Ao meu estrategista-chefe David Axelrod, que tem sido um companheiro em todos os passos do caminho. À melhor equipe de campanha reunida na história da política --você fizeram isso acontecer, e eu serei sempre grato pelo que vocês sacrificaram para conseguir.

Mas, acima de tudo, eu nunca esquecerei a quem essa vitória realmente pertence. Isso pertence a vocês. Isso pertence a vocês.

Eu nunca fui o candidato favorito na disputa por esse cargo. Nós não começamos com muito dinheiro ou muitos endossos. Nossa campanha não nasceu nos corredores de Washington. Nasceu nos jardins de Des Moines, nas salas de Concord e nos portões de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que cavaram as pequenas poupanças que tinham para dar US$ 5, US$ 10 e US$ 20 para essa causa.

Ela [a campanha] cresceu com a força dos jovens que rejeitaram o mito de apatia da sua geração e deixaram suas casas e suas famílias por empregos que ofereciam baixo salário e menos sono.

Ela tirou suas forças de pessoas não tão jovens assim que bravamente enfrentaram frio e calor para bater às portas de estranhos e dos milhões de americanos que se voluntariaram e se organizaram e provaram que, mais de dois séculos mais tarde, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra.

Essa é a nossa vitória.

E eu sei que vocês não fizeram isso só para ganhar uma eleição. E eu sei que vocês não fizeram tudo isso por mim.

Vocês fizeram isso porque entendem a grandiosidade da tarefa que temos pela frente. Podemos comemorar nesta noite, mas entendemos que os desafios que virão amanhã serão os maiores de nossos tempos --duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira do século.

Enquanto estamos aqui nesta noite, nós sabemos que há corajosos americanos acordando nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscar suas vidas por nós. Há mães e pais que ficam acordados depois de os filhos terem dormido se perguntando como irão pagar suas hipotecas ou o médico ou poupar o suficiente para pagar a universidade de seus filhos. Há novas energias para explorar, novos empregos para criar, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.

O caminho será longo. Nossa subida será íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato. Mas, América, nunca estive mais esperançoso do que chegaremos lá. Eu prometo a vocês que nós, como pessoas, chegaremos lá.

Haverá atrasos e falsos inícios. Muitos não irão concordar com todas as decisões ou políticas que eu vou adotar como presidente. E nós sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas. Mas eu sempre serei honesto com vocês sobre os desafios que enfrentar. Eu vou ouvir vocês, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, eu vou pedir que vocês participem do trabalho de refazer esta nação, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos --bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada por mão calejada.

O que começamos 21 meses atrás no inverno não pode terminar nesta noite de outono. Esta vitória, isolada, não é a mudança que buscamos. Ela é a única chance para fazermos essa diferença. E isso não vai acontecer se voltarmos ao modo como as coisas eram. Isso não pode ocorrer com vocês, sem um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício.

Então exijamos um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, com o qual cada um de nós irá levantar e trabalhar ainda mais e cuidar não apenas de nós mesmos mas também uns dos outros. Lembremos que, se essa crise financeira nos ensinou uma coisa, foi que não podemos ter uma próspera Wall Street enquanto a Main Street sofre.

Nesse país, nós ascendemos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de voltar ao bipartidarismo, à mesquinhez e à imaturidade que envenenou nossa política por tanto tempo.

Lembremos que foi um homem deste Estado que primeiro carregou a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre valores de autoconfiança, liberdade individual e unidade nacional.

Esses são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata obteve uma grande vitória nesta noite, isso ocorre com uma medida de humildade e de determinação para curar as fissuras que têm impedido nosso progresso.

Como [o ex-presidente Abraham] Lincoln [1861-1865] afirmou para uma nação muito mais dividida que a nossa, nós não somos inimigos, e sim amigos. A paixão pode ter se acirrado, mas não pode quebrar nossos laços de afeição. E àqueles americanos cujo apoio eu ainda terei que merecer, eu talvez não tenha ganho seu voto hoje, mas eu ouço suas vozes. E eu preciso de sua ajuda. Eu serei seu presidente também.

E a todos aqueles que nos assistem nesta noite, além das nossas fronteiras, de Parlamentos e palácios, àqueles que se reúnem ao redor de rádios, nas esquinas esquecidas do mundo, as nossas histórias são únicas, mas o nosso destino é partilhado, e uma nova aurora na liderança americana irá surgir.

Àqueles que destruiriam o nosso mundo: nós os derrotaremos. Àqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiamos. E a todos que questionaram se o farol da América ainda ilumina tanto quanto antes: nesta noite nós provamos uma vez mais que a verdadeira força da nossa nação vem não da bravura das nossas armas ou o tamanho da nossa riqueza mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança.

Esse é o verdadeiro talento da América: a América pode mudar. Nossa união pode ser melhorada. O que já alcançamos nos dá esperança em relação ao que podemos e ao que devemos alcançar amanhã.

Essa eleição teve muitos "primeiros" e muitas histórias que serão contadas por gerações. Mas há uma que está em minha mente nesta noite, sobre uma mulher que votou em Atlanta. Ela seria como muitos dos outros milhões que ficaram em fila para ter a voz ouvida nessa eleição não fosse por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Ela nasceu apenas uma geração após a escravidão; uma época na qual não havia carros nas vias nem aviões nos céus; quando uma pessoa como ela não podia votar por dois motivos --porque era mulher ou por causa da cor da sua pele. Nesta noite penso em tudo que ela viu neste seu século na América --as dores e as esperanças, o esforço e o progresso, a época em que diziam que não podíamos, e as pessoas que continuaram com o credo: Sim, nós podemos.

Em um tempo no qual vozes de mulheres eram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela viveu para vê-las se levantar e ir às urnas. Sim, nós podemos.

Quando havia desespero no Dust Bowl [região dos EUA que ficou conhecida por ter enfrentado um período de grave seca na década de 30] e depressão em toda parte, ela viu uma nação conquistar seu New Deal, novos empregos, um novo senso de comunidade. Sim, nós podemos.

Quando bombas caíam em nossos portos e a tirania ameaçava o mundo, ela estava lá para testemunhar uma geração chegar à grandeza, e a democracia foi salva. Sim, nós podemos.

Ela estava lá para ver os ônibus em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, a ponte em Selma e um pregador de Atlanta que disse "Nós Devemos Superar". Sim, nós podemos.

Um homem chegou à Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo foi conectado por nossa ciência e imaginação. Neste ano, nesta eleição, ela tocou o dedo em uma tela e registrou o seu voto porque, após 106 anos na América, através dos melhores e dos mais escuros dos tempos, ela sabe que a América pode mudar. Sim, nós podemos.

América, nós chegamos tão longe. Nós vimos tanto. Mas há tantas coisas mais para serem feitas. Então, nesta noite, devemos nos perguntar: se nossas crianças viverem até o próximo século, se minhas filhas tiverem sorte suficiente para viver tanto quanto Ann Nixon Cooper, quais mudanças elas irão ver? Quanto progresso teremos feito?

É nossa chance de responder a esse chamado. É o nosso momento.

Esse é nosso momento de devolver as pessoas ao trabalho e abrir portas de oportunidade para nossas crianças; de restaurar a prosperidade e promover a paz; de retomar o sonho americano e reafirmar a verdade fundamental de que, entre tantos, nós somos um; que, enquanto respirarmos, nós temos esperança. E onde estamos vai de encontro ao cinismo, às dúvidas e àqueles que dizem que não podemos. Nós responderemos com o brado atemporal que resume o espírito de um povo: Sim, nós podemos.

Obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América.

sábado, 1 de novembro de 2008

É tempo de aprendermos a prestar contas

"O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia." (Pv 28.13)

A crise financeira faz mais uma vítima nos EUA. O banco regional Freedom Bank foi a 17ª companhia bancária americana a quebrar no país neste ano. Consequência da falta de crédito que tem levado uma série de instituições financeiras, bancos de varejo e seguradoras a registrarem perdas bilionárias, acarretando concordatas, vendas ou nacionalização.

O curioso é que o epicentro de toda essa crise envolve instituições financeiras que fazem parte do chamado "shadow banking system", algo como sistema bancário na sombra ou paralelo. Diferentemente dos bancos, eram empresas negligentemente reguladas e supervisionadas e altamente vulneráveis a eventuais desequilíbrios no mercado financeiro.

Tal fato fez com que o "maestro" e "oráculo do mercado" Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, entre 1987 e 2006, admitisse publicamente ter "errado parcialmente" ao acreditar que a desregulamentação do sistema financeiro seria benéfica, imaginando que nenhum banco emprestaria dinheiro de forma irresponsável.

Não são somente as instituições financeiras que necessitam de boas e efetivas práticas de governança corporativa. As pessoas também precisam avaliar seu progresso. Por isso, contemos com aqueles amigos de verdade para desenvolvermos o hábito saudável de prestar contas. Estando certos de que Aquele lá de cima nos ajudará em seguir em frente, nos ensinando a acertar mais, sem ter que errar tanto.

sábado, 25 de outubro de 2008

Viver é correr riscos

"Não conte vantagem a respeito dos seus planos para o futuro, pois você não sabe o que vai acontecer amanhã". (Pv 27.1)

O vigia Aldo José da Silva certamente nunca imaginou que tamanha tragédia pudesse acontecer com sua querida Eloá. Também não passou por sua cabeça que teria uma crise de hipertensão durante o cativeiro da filha. E muito menos que, ao ser removido pelos médicos, sua imagem seria divulgada por órgãos de impresa, permitindo a descoberta de sua verdadeira identidade.


Minha esposa tem uma grande amiga que adora festejar aniversários. Por isso, passou mais de um ano preparando a celebração dos seus 40 anos. Cada detalhe foi cuidadosamente planejado para que fosse um dia inesquecível. A menos de um mês da festa, ela foi surpreendida pelo desaparecimento prematuro de um dos seus melhores amigos e talvez o maior incentivador da comemoração das suas quatro décadas.


Precisamos admitir que não temos controle total sobre nossas vidas. Isso vale especialmente em relação ao nosso futuro. Viver é correr riscos. Não se trata de ignorá-los mas saber enfrentar riscos calculados. E isso se faz trilhando o caminho da preparação oportuna e diligente. Mas sempre aprendendo a acolher os resultados do que nos acontece, na confiança de que Aquele lá de cima conhece perfeitamente o que é melhor para cada um de nós.

sábado, 18 de outubro de 2008

Que amor é esse ?

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes..." (1 Co 13.4)

Lindemberg Alves estava incorformado com o fim do relacionamento. Não conseguia admitir a perda de Eloá Cristina, sua eterna namorada. Por isso, quando a situação começou a sair do seu controle, Lindemberg radicalizou. Manteve Eloá e sua colega Nayara Vieira em cativeiro, durante mais de 100 horas, sob a mira da polícia e a viglância permanente de toda a imprensa.

O final de tudo isso não poderia ser mais trágico. Após invadir o cativeiro, a polícia c
onseguiu prender Lindemberg. A jovem Eloá, depois de sofrer dois tiros, passou por duas cirurgias para retirada de uma bala na virilha e outra na cabeça. Não resistiu à perda de massa encefálica e teve morte cerebral. A colega Nayara, apesar da imprudência de retornar ao cativeiro, foi atingida na face. Porém, depois de uma operação bem sucedida para retirada da bala alojada na bocheca, não corre mais risco de vida.

É pouco provável que Lindemberg imaginasse onde tudo isso iria terminar. A dor e o sofrimento dos pais de Eloá pela perda prematura e súbita da filha querida. A colega Nayara também ficará com uma marca na face, lembrança indelével daquela tragédia. E o próprio Lindemberg dificilmente escapará da morte. Vítima do código de honra de seus companheiros de prisão. Ou, quem sabe, sendo alvo de linchamento de uma multidão ainda inteiramente revoltada com esse ato tresloucado.

A atenção de toda a imprensa e dos especialistas de plantão se volta agora para tentar encontrar eventuais falhas na operação da polícia. Mais importante, talvez, seria refletirmos sobre as causas que levam uma pessoa a cometer tamanha insanidade. Quem sabe não descobriríamos o quanto carecemos em aprender a receber e compartilhar o amor do Alto que, antes de tudo, é "paciente, benigno e não arde em ciúmes."

sábado, 11 de outubro de 2008

Confiança é o cimento do mundo

“Num momento de dificuldade,
depender de uma pessoa que não merece confiança
é como mastigar com um dente estragado,
andar com um pé aleijado.” (Pv 25.19)

Imagine que você estivesse com uma insuportável dor de dente e um amigo lhe dissesse que tinha um parente dentista que poderia atendê-lo naquele instante. É muito provável que você pediria o endereço daquele “abençoado” e sairia correndo para o consultório dele. Acrescente, agora, o fato de que você recebeu, um pouco antes de se dirigir ao carro, a informação de que aquele profissional tinha acabado de concluir o curso e você é um dos primeiros clientes. O que você faria ?

A confiança é função de duas qualidades: caráter e competência. Caráter inclui integridade (fazer o que prega), ter a motivação correta e intenções justas em relação às pessoas. Já competência envolve conhecimentos, habilidades, antecedentes e realizações. Ao receber a informação da existência de um dentista que poderia atendê-lo, sua reação foi de alegria por entender que seu amigo certamente teria a boa intenção de ajudá-lo. Porém, ao saber que o profissional está em início de carreira, a confiança foi perdida diante da suposta falta de competência de alguém que o teria como primeiro cliente.

Observe a crise atual no sistema financeiro mundial. Visando aumentar a liquidez em seus países, os bancos centrais das nações mais ricas baixaram as taxas de juros. Contrariando as teorias econômicas vigentes, os mercados não reagiram positivamente. Ao contrário, as bolsas de valores continuaram caindo, agravando ainda mais a crise. Motivo ? Falta de confiança entre as instituições financeiras e os investidores em toda parte do globo.

Por mais otimista que sejamos, a verdade é que não sabemos quando a atual crise financeira mundial irá terminar e quais serãos as consequências em nossas vidas. Mas, até lá, precisamos fazer a nossa parte e contar com Aquele lá de cima para nos tornarmos cada vez mais confiáveis, investindo no aperfeiçoamento do nosso caráter e desenvolvendo nossas competências.

sábado, 4 de outubro de 2008

Lições que só as crises oferecem

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos;
do contrário, o vinho romperá os odres;
e tanto se perde o vinho como os odres.
Mas põe-se vinho novo em odres novos.

(Mc 2.22)

No início do século XX, os economistas acreditavam que o desemprego só surgiria se os trabalhadores não estivessem dispostos a aceitar salários mais baixos. Cumprida essa condição, não haveria possibilidade de crises, pois a “mão invisível” se encarregaria de manter a ordem econômica.

A crise de 29, nos EUA, mostrou que a forma clássica de enxergar a realidade econômica precisava ser revista. Mesmo os trabalhadores estando dispostos a aceitar salários menores para preservar seus empregos, mais de um quarto dos postos de trabalho existentes na economia americana sumiram da noite para o dia.

Liderando uma nova corrente de pensamento econômico, John Maynard Keynes publica o instigante Teoria geral do juro, do emprego e da moeda, mostrando uma maneira diferente de entender o que estava acontecendo: o nível de emprego não depende dos salários, mas de como os empresários percebem o contexto econômico e, por isso, nas depressões o governo deve intervir na economia estimulando o consumo e o investimento.

As crises muitas vezes são necessárias. Elas nos alertam para o fato de que o nosso pensamento ou maneira de fazer as coisas já não dão conta dos novos desafios e precisam ser substituídos. Por isso, precisamos vê-las como oportunidades valiosas para aprendermos a ser mais humildes, reconhecendo que a verdade última está com Aquele lá de cima e que aqui embaixo só nos resta continuar buscando nossos alvos com o espírito de eternos aprendizes.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Enfrentando crises

“Como dizeis, pois, à minha alma: Foge, como pássaro, para o teu monte?
(Sl 11.1)


Sete anos depois do trágico 11 de Setembro, novamente eclode uma crise de alcance mundial, originada nos Estados Unidos. Desta vez não foram atentados de terroristas estrangeiros destruindo os arranha-céus de Manhattan. A crise agora é de ordem econômica e partiu dos próprios escritórios de Nova York, mais importante centro financeiro mundial.

Principal evidência dessa crise, até o momento, foi o pedido de concordata do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos. Após incorrer em perdas bilionárias em decorrência da crise no mercado de hipotecas dos EUA, a quebra dessa Instituição revela uma crise no mercado de crédito mais geral, ainda sem uma exata dimensão de suas conseqüências no mundo financeiro globalizado.


Num momento desses, a preocupação de todo mundo, incluindo você e eu, é se seremos atingidos e em que grau. As autoridades econômicas do governo asseguram que, desta vez, o Brasil está blindado por suas reservas e baixo endividamento e não sofrerá maiores impactos com a crise. Torço para que eles estejam certos, embora não estejamos livres de outros tipos de crises: saúde, relacionamentos, profissional e até de sentido da própria vida.


Por isso, precisamos aprender a lidar com as crises. Na crise, há sempre um problema que, se reconhecido e enfrentado com coragem, nos permitirá aprender valiosas lições. Porém, é importante saber evitar os maus conselheiros que sempre tentarão nos fazer desistir. Nessas horas, é preciso seguir em frente, com prudência e abertura para eventuais perdas. Mas nunca perdendo a confiança nAquele que continua tendo o controle de tudo, incluindo as nossas vidas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Cavando poços

“Partindo dali, cavou ainda outro poço; e, como por esse não contenderam, chamou-lhe Reobote e disse: Porque agora nos deu lugar o SENHOR, e prosperaremos na terra.”(Gn 26.22)

A Petrobras vai ampliar seus investimentos no Ceará visando triplicar o número de poços terrestres de exploração de petróleo. De 2009 a 2014, a empresa vai perfurar mil novos poços na região leste do Estado. Para este ano, estavam programados 44 poços, sendo que 28 já foram concluídos. Para se ter a real dimensão do que isso representa basta saber que hoje o Estado possui apenas 500 poços terrestres.

O volume de petróleo extraído das áreas terrestres do Ceará, com a construção desses mil novos poços, vai passar dos atuais 2 mil barris por dia - que devem chegar a 2,2 mil até o fim deste ano - para 5,3 mil barris por dia em 2014. Ou seja, a produção de petróleo de poços em terra vai mais que dobrar em seis anos. Hoje, a produção total do Estado, somando o que é extraído em nove plataformas marítimas instaladas no município de Paracuru e nos 500 poços terrestres, é de 9,8 mil barris de petróleo por dia e de 195 mil metros cúbicos diários de gás natural.

Fiquei pensando que não é só uma grande empresa como a Petrobrás que deve se interessar em cavar poços. Eu e você também necessitamos cavar poços em nossas vidas. Esses poços podem ser vistos como aqueles desafios que, sem eles, nossa existência fica sem sentido e monótona: casamento, filhos, saúde, formação, profissão e amizades.

Cada um de nós tem de cavar seus próprios poços. E um poço só se cava com fé, esforço, humildade e perseverança. Tal como a Petrobrás, temos que fazer a nossa parte investindo na perfuração dos poços. Mas devemos também aceitar que nem sempre acharemos “petróleo” nos poços que cavamos. Nesses casos, precisaremos da sabedoria e ajuda do Alto para aprender as lições e continuar perseverando.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O salto da dignidade

“ Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.”(Sl 8.5)

Passava das 8h45 (horário brasileiro) da sexta-feira, 22 de agosto, quando Maurren Higa Maggi conquistou o ouro em Pequim 2008. Posicionada na pista do Ninho de Passáro, ergueu os braços para a platéia, pediu o apoio da torcida e concentrou-se. Em seguida, deu um soco no ar e saltou 7,04 metros, 1 centímetro a mais do que a última tentativa da russa Tatyana Lebedeva,

Mas a história da nossa campeã nem sempre foi dourada. Suspensa por uso de doping em 2003, acusação que até hoje nega, a atleta teve que ficar quase três anos afastada das pistas. Em 2004, na Olimpíada de Atenas, Maureen era apenas uma dona-de-casa sedentária que via pela TV sua principal adversária Tatyana Lebedeva ganhar a medalha de ouro no salto em distância.

Na entrevista após a vitória, Maureen explicou seu retorno ao esporte: “O atletismo é a única coisa que eu sei fazer na vida. Não estudei, não fiz nada, só sei ser atleta. Então resolvi me dar mais uma chance”. Decisão acertada que seria comemorada abraçada com o técnico, Nélio Moura, que acompanha a atleta desde os 16 anos e nunca deixou de acreditar nela.

O salto de Maurren tem um valor que ultrapassa a histórica conquista do ouro para o atletismo brasileiro. Representou também a incrível capacidade humana de dar a volta por cima e superar suas próprias dificuldades. E, com isso, nos lembrar o quanto o ser humano é digno. Independentemente das circunstâncias que esteja atravessando, há uma grandeza em cada pessoa. Você não pode permitir que lhe roubem essa dignidade. E não deve tentar tirá-la de ninguém. Afinal, essa honra foi concedida por Aquele lá de cima.

domingo, 17 de agosto de 2008

A trajetória do ouro

“ O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas a vitória vem do SENHOR.”(Pv 21.31)

“Tento dormir o suficiente, me alimentar o suficiente e treinar o mais que posso. Além disso, há outras coisas que me favorecem, como a relação que tenho com o meu treinador, e sim, claro, o jeito como eu nasci”. Este é o americano Michael Pelps – maior fenômeno da natação de todos os tempos, o atleta que mais ganhou ouros em olimpíadas.

Para nós, brasileiros, o Cubo d’Água, em Pequim, também foi palco de um momento raro de triunfo e superação individual. O paulista César Augusto Cielo Filho, de 21 anos, ganhou uma inédita medalha de ouro na natação ao vencer os 50 metros livres, batendo o recorde olímpico na prova mais rápida e estonteante da modalidade.

Os três últimos anos de treinamento nos Estados Unidos, longe da família e com uma rotina de cinco horas diárias de treino, mais uma hora de musculação, deram resultado. Além do ouro, Cielo conquistou também o bronze nos 100 metros livres, transformando-se no novo herói do esporte brasileiro – e nosso maior nadador de todos os tempos.

Quando você desejar uma vitória, lembre-se dos exemplos acima. O lugar mais alto do pódio foi conquistado por esses atletas através de intensa preparação que exigiu esforço, disciplina e muito sacrifício. Essa foi a parte deles, cumprida com excelência. Por outro lado, a constituição física de cada um, as pessoas que surgiram para ajudá-los nessa trajetória e a oportunidade que tiveram de brilhar em Pequim estavam fora do controle desses campeões. Foram dádivas dAquele lá de cima. Preparação e oportunidade. Sem uma delas, a história seria diferente.

sábado, 9 de agosto de 2008

Lidando com emoções negativas

“ Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.”(Ef 4.26)

Sempre que tenho raiva de alguém lembro do que aconteceu entre meu pai e meu irmão. Eles eram pessoas muito parecidas e se amavam muito. Até que um dia, papai decidiu ir embora, deixando mamãe sozinha com três filhos. Meu irmão ficou profundamente magoado com nosso pai. Alguns anos depois, ao se reencontrarem, papai pediu a bênção ao meu irmão e ele respondeu:”Bênção ao pai ? Que pai ?“. Os dois morreram com esse ressentimento mútuo.

Temos pouco ou nenhum controle sobre o que pode acontecer conosco e nos arrebatar emoções negativas como a ira. Por mais que eu dirija com bastante cuidado, sempre correrei o risco de ser fechado por algum motorista imprudente e ainda ouvir ofensas publicamente. Se você tem um senso de justiça elevado e já foi vítima de um fura-fila cínico, sabe do que estou falando.

Mas precisamos lembrar que somos responsáveis pela reação diante do que nos acontece. Temos que decidir o que fazer com esse pequeno mas valioso espaço entre o estímulo provocado pelos outros e a resposta que iremos oferecer. E para viver uma vida de alegria máxima, precisamos aprender a lidar com as emoções negativas de maneira equilibrada.

Por isso, quando for provocado ou insultado por alguém conte até dez. Se for muito sério, procure se retirar e dar uma boa caminhada. Mostre compaixão com a outra pessoa, dando-lhe graciosamente o benefício da dúvida. Lembre-se que o mais importante não é estar certo, mas ser feliz. E não esqueça de liberar o perdão que Aquele lá de cima já nos concedeu.

domingo, 3 de agosto de 2008

Cuidado com seus pedidos

“Mas o povo não se importou com o aviso de Samuel.
Pelo contrário, eles disseram: —Não adianta.
Nós queremos um rei.
”(1 Sm 8.19)

Minha filha caçula já não agüenta mais meus constantes pedidos. Preparar um lanche. Atender o telefone. Servir um copo com água. Tento barganhar os favores dela, explicando a importância de servir (embora, neste caso, eu esteja sendo servido) como um valor para a vida toda. Mas talvez ela tenha razão. Acho que estou passando da conta.

Tenho um colega de trabalho que surpreendeu a todos quando nos disse que tinha entrado para a política. Seguindo a tradição da família, registrou sua candidatura para vereador numa pequena cidade do litoral cearense. Ainda no início da campanha, está chocado com a tamanha quantidade e a forma explícita de pedir dinheiro por parte dos eleitores.

Pedir faz parte do kit básico de sobrevivência humana. Pedimos como resposta ao desafio de atendermos nossas necessidades. Exigimos nossos direitos como um exercício indispensável de cidadania. Mas, o ato de pedir, felizmente, é também uma evidência de que não somos auto-suficientes. Faz-nos enxergar que precisamos do apoio das outras pessoas e que elas precisam também da nossa ajuda.

É por isso que precisamos aprender a pedir bem. Pedir só porque viu que o outro tem, pode não ser uma necessidade, mas inveja. Cuidado também com o que você pede. Nem tudo que reluz é ouro, diz o ditado. Outro segredo importante é levar em consideração os interesses das outras pessoas nos seus pedidos. E o detalhe fundamental: saber acolher os resultados dos seus pedidos, na certeza de que somente Aquele lá de cima conhece o que é verdadeiramente melhor para cada um de nós.

sábado, 26 de julho de 2008

A mensagem da vira-lata

“ Ainda que o meu pai e a minha mãe me abandonem,
o SENHOR cuidará de mim.
”(Sl 27.10)

Minha mãe perdeu três filhos. Acompanhei de perto esses difíceis momentos. Como irmão, sofri bastante a perda deles. Mas nada comparável à dor que testemunhei mamãe sentir. O amor de uma mãe por um filho é único. É uma doação que se inicia ainda na gestação e se estende por toda a vida. Porém, temos visto que mesmo uma mãe é capaz de abandonar seu próprio filho.

Nunca fui abandonado por minha mãe. Ao contrário, sempre recebi dela um amor incondicional. Mas conheço a dor da rejeição. Sei o que o que custa, emocionalmente, a tentativa inútil e solitária de resgatar um relacionamento que chegou ao fim. Se você também passou pela experiência do desamparo, sabe do que estou falando.

Minha esposa trouxe a triste notícia de que uma colega está ameaçando tirar a própria vida porque o marido resolveu deixá-la. Parentes. Amigos. Profissão. Sonhos. Nada disso, diz ela, tem mais importância. Confiamos que ela vai superar tudo isso. Como no meu caso, que daquele período sombrio só me restaram as lições.

Afinal, não adianta esperar de outra pessoa toda a estima que necessitamos para viver. Corremos o risco de encontrar alguém que esteja buscando a mesma coisa. Como dois mendigos que não podem se ajudar. Por isso, precisamos nos voltar mais para o Doador da vida e receber seu cuidado constante. A exemplo do que aconteceu em Minas Gerais, onde um recém-nascido abandonado foi supostamente encontrado por uma cadela vira-lata chamada Xuxa.

domingo, 20 de julho de 2008

A bênção da aceitação

Assim, como a criança desmamada fica quieta nos braços da mãe, assim eu estou satisfeito e tranqüilo, e o meu coração está calmo dentro de mim.”
(Sl 131.2)

A mãe de João Pedro tem dormido muito pouco. Duas vezes na noite seu sono é interrompido para amamentar o filho. É raro uma criança passar dos oito meses ainda desfrutando do leite materno. João Pedro tem esse privilégio. Sem abrir mão desse desejo, ele não se cala enquanto a mãe não o sacia. O que ele não sabe é que a mãe tem que, diariamente, pagar o preço de trabalhar sonolenta e ainda ouvir piadas dos colegas.

Somos muitos parecidos com João Pedro (JP). Vivemos sempre dependendo do atendimento de nossos infindáveis desejos para nos sentirmos felizes. Porém, diferentemente daquela que deu à luz JP, a mãe vida quase sempre substitui o mimo aos nossos caprichos pela oportunidade de aprendermos que, no lugar de leite materno, precisamos do alimento sólido dos desafios para crescermos como pessoa.

Por isso, pare de querer ser deus e ter o controle de tudo em suas mãos. Admita suas lutas, fraquezas e vulnerabilidades. Troque os sentimentos de superioridade (ou inferioridade) pela aceitação de sua singularidade (e dos outros também) no mundo. Aprenda a ser grato valorizando mais o muito que você já possui. E não permita que nada, além de Deus, ocupe o lugar que há reservado para Ele em seu coração.

Enquanto isso, continuarei acompanhando o crescimento de JP. É certo que daqui a algum tempo ele mesmo achará mais importante não perder um minuto do precioso sono noturno. E a mãe agradecerá, sabendo que, no dia seguinte, precisará de uma disposição renovada para ajudar em outras tantas necessidades que o filho ainda precisará para se desenvolver.

domingo, 13 de julho de 2008

A vida é um presente

“O senhor me fez um grande favor e teve pena de mim, salvando a minha vida.”(Gn 19.19)

Lembro como se fosse hoje quando ganhei minha primeira bicicleta. Foi um marco da minha infância, presente de natal dado por meu avô paterno. Era uma bicicleta muito especial, com quadro reforçado e pneu-balão. Difícil foi encarar o fim das férias escolares e ter que dividir o tempo com outra coisa que não fossem as gostosas aventuras montado naquela maravilha.

É interessante como as coisas que são mais importante nas nossas vidas recebemos de graça. Sem o ar que você respira, você não chegaria sequer ao final deste texto. Mas, a todo o momento, está disponível como dádiva. Pense nas suas melhores amizades. Aposto que nasceram de uma forma surpreendentemente espontânea.

Porém, o presente mais valioso que você recebeu foi sua própria vida. O que você sabe do seu nascimento foi contado por alguém. Você só chegou até aqui porque seus pais pagaram o preço das inúmeras noites mal dormidas. Os dons, talentos e habilidades que fazem hoje uma enorme diferença na sua carreira profissional você não precisou pagar a ninguém.

Sugiro que desfrute a sua vida como um presente. Todos os dias. O dia todo. Liberte-se do seu passado, tirando dele somente as lições. Aproveite bem as oportunidades. Mantenha o foco naquilo que é mais importante. Aprenda a celebrar cada vitória. E nunca, nunca mesmo, se esqueça de agradecer ao Doador de tudo que você possui.

Apenas mais um alerta. Preste atenção no que aconteceu com nosso irmão Adelir de Carli. Participou de uma aventura que acabou em tragédia. A intenção dele era voar com balões de hélio, mas ele perdeu contato com sua equipe e desapareceu. Por isso, lembre-se que, diferente da robustez da minha primeira bicicleta, nossa vida é bastante frágil. Assim, todo cuidado é pouco com esse presente que é único.

domingo, 6 de julho de 2008

As lições do vice

“Não é assim entre vós; pelo contrário,
quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;
e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo.”(Mt 20.26, 27)

O Fluminense tornou-se vice-campeão sul americano de futebol, feito inédito na centenária história do clube. Depois de eliminar grandes times como São Paulo e Boca Juniors, o tricolor das Laranjeiras foi para as finais com a LDU, do Equador. Numa disputa de 210 minutos, os dois times empataram em 5 x 5, com a equipe equatoriana sagrando-se campeã nos pênaltis.

A atual prefeita de Fortaleza, por outro lado, está tendo problemas na definição do nome que comporá com ela a chapa que concorrerá às próximas eleições municipais. A falta do anúncio público do nome do vice, na última convenção que oficializou sua candidatura, poderá acarretar problemas para a candidata durante toda sua campanha.

É curioso como a fixação de ser o primeiro muitas vezes atrapalha nossas vidas. Há quem diga que o Fluminense não conquistou o título da Libertadores porque, diante da iminência de ser campeão, perdeu a concentração e, com isso, não matou o jogo ainda na prorrogação. O que se comenta na política local da capital alencarina é que a indefinição do vice da prefeita, que pode custar até sua reeleição este ano, tem a ver com sua possível candidatura a número 1 para o governo do estado, lá em 2010.

Chego à conclusão que sábio mesmo é meu colega Álvaro. Depois do 50, resolveu encarar sua primeira maratona. Após quatro meses de intensa preparação, conseguiu completar os 42.195 metros da prova. Mesmo chegando 3 horas depois dos primeiros colocados, venceu suas próprias limitações e, o que é mais importante, incorporou novos hábitos como acordar cedo, praticar exercícios físicos regularmente e preferir sempre uma alimentação saudável.

Por isso liberte-se da tirania de ter que ser o primeiro em tudo. Saiba que a felicidade também reside no lugar em que você se encontra hoje . Seja flexível com suas metas. O que importa é seguir em frente, aproveitar bem as oportunidades e crescer em seus relacionamentos. Faça o melhor que puder, a partir dos dons, talentos e habilidades que você já possui. E aprenda a acolher com gratidão os resultados que, verdadeiramente, somente Aquele lá de cima tem o total controle.

sábado, 21 de junho de 2008

A vitória da humildade

O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça.
(Pv 16.18)

Confesso que cheguei a pensar que os resultados demonstrariam que ela tinha razão. Primeiro, a derrota para Bielo-Rússia, como conseqüência imediata do desentendimento com o treinador Paulo Bassul. Em seguida, o desafio de uma repescagem, tendo pela frente Angola e a sempre temível equipe cubana.

Felizmente, a seleção feminina de basquete do Brasil garantiu vaga nos Jogos Olímpicos de Pequim ao vencer Cuba por 72 a 67 no pré-olímpico mundial, no último domingo, em Madri. O resultado deu o direito ao Brasil de disputar sua quinta olimpíada. E, o mais curioso, aconteceu sem sua principal jogadora, a ala Iziane, afastada da equipe pelo treinador. A atleta ficou irritada por ter sido sacada do time durante o jogo com a Bielo-Rússia e por isso se recusou a retornar à quadra quando solicitada a jogar novamente.

Caso você se sinta tentado a condenar Iziane, lembre que ela não está sozinha nesse tipo de atitude. Sem exceção, todos nós temos alguma cota de orgulho. O duro é que quando menos esperamos, especialmente sob pressão ou ameaça, nossa soberba nos rouba o controle emocional, sabotando nossa paz. E, quase sempre, destruindo relacionamentos, carreira e até a própria saúde.

Na partida contra Cuba, a jogadora Micaela foi a principal pontuadora, com 22 pontos. Mas, cá para nós, a cestinha em todo esse episódio foi mesmo a humildade. Mais uma vez, aprendemos o valor dessa rara qualidade humana. Ocupamos um lugar no mundo, mas não somos o centro dele. Nosso ponto de vista é importante, mas é sempre a vista de um ponto. Temos o direito à voz, mas a última palavra nunca é nossa. Nossa individualidade faz a diferença, mas é no coletivo que reside a maior força.

domingo, 8 de junho de 2008

Aprendendo com as tempestades

“De repente, uma grande tempestade agitou o lago,
de tal maneira que as ondas começaram a cobrir o barco.”(
Mt 8.24)


O dia transcorreu dentro da normalidade. Seria mais uma noite tranqüila de descanso para pegar o batente na manhã seguinte. Pouco depois da meia-noite, tudo fica diferente. Surge um primeiro clarão, seguido de um enorme estrondo. Minha esposa grita apavorada. Incontinente, minhas filhas entram no quarto correndo e, morrendo de medo, nos abraçam.

Nunca tinha visto aquilo. Normalmente, sou de reagir rápido em situações difíceis. Mas, agora, a única coisa que conseguia fazer era, agarrado à minha esposa e filhas, observar atônito os repetidos relâmpagos e trovões, cada vez mais intensos. Seria o fim do mundo ? Tudo acabaria numa sexta-feira, no sexto dia do sexto mês do ano ? E como estariam aquelas pessoas sozinhas e sem abrigo ?

Foram exatamente duas horas de muito pavor. Quando tudo aquilo passou, fiquei curioso em saber o que tinha acontecido. Os especialistas chamaram o fenômeno atmosférico de Zona de Convergência Intertropical. O fato de se aproximar bastante do litoral de Fortaleza acarretou o surgimento de nuvens do tipo cumulus nimbus e, em conseqüência, a enorme quantidade de raios e estrondosas trovoadas.

No dia seguinte, conversando com as pessoas sobre aquela experiência inesquecível, concluí que, apesar do medo, aprendera coisas importantes. Somos bem mais vulneráveis do que admitimos. Como é valiosa uma companhia nas horas mais difíceis. Nossa diferença não está na tempestade que a todos aflige, mas em como reagimos no meio dela. E o quanto é bom poder agradecer ao Único a quem a natureza obedece.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Uma vida totalflex

“Vigiem e orem para que não sejam tentados. É fácil querer resistir à tentação; o difícil mesmo é conseguir.” (Mc 14.38)

Enquanto o governo brasileiro recebe críticas internacionais à produção de biocombustíveis, o mercado nacional de automóveis supera a marca histórica de 4 milhões de veículos com motores totalflex, que consomem álcool e/ou gasolina, aproximando-se da frota americana, por enquanto a maior do mundo.

Confesso que não sou um bom usuário de veículo com motor totalflex. Tenho o hábito arraigado de somente utilizar gasolina. Recentemente, entretanto, decidi fazer diferente e enchi o tanque do carro com álcool. Logo nos primeiros quilômetros, o automóvel começou a falhar. Voltei ao posto e o frentista explicou que normalmente isso acontece com quem só abastece com um tipo de combustível.

Fiquei pensando que talvez sejamos também assim nas nossas vidas. Há pessoas que confiam somente em si. Agem como se Deus não existisse, baseando suas vidas somente no dinheiro, bens e status que possuem. De outro lado, existem aqueles completamente passivos. Colocam tudo sob a responsabilidade de Deus, como se não tivessem nada a realizar.

Não sei se vou me acostumar com o uso alternado de gasolina e álcool. Mas uma coisa é certa. Deus deseja que tenhamos uma vida totalflex. Ele sabe que nossa felicidade depende do equilíbrio entre a disposição para fazermos a parte que nos cabe e a fé acolhedora dos resultados que, em última análise, estão absolutamente fora do nosso controle.

domingo, 25 de maio de 2008

Perdemos um bom referencial

“Mas tenham as qualidades que o Senhor Jesus Cristo tem ...” (Rm 13.14)

Se você admira a obra do espanhol Pedro Almodóvar, deve ter percebido a grande influência da mulheres na vida desse consagrado cineasta. Filmes como Tudo sobre minha mãe ou Volver revelam o quanto o universo feminino é um referencial marcante na formação do diretor e, em conseqüência, na sua premiada produção cinematográfica.

Da minha infância, guardarei sempre a inspiradora lembrança de meu avô paterno como referencial de integridade e valorização da família. Além disso, é possível que eu ainda não tenha consciência da extensão da enorme influência materna na minha personalidade, a exemplo de traços marcantes como capacidade de perdão e determinação nas horas mais difíceis.

Deus sabe o quanto precisamos de bons referenciais na construção do nosso caráter. Ao enviar seu único e precioso Filho para viver entre nós, Ele nos ofereceu um modelo das qualidades que um ser humano deve ter como alvo mais elevado. Porém, não podemos esquecer a importância das pessoas que nos influenciam no nosso dia-a-dia, seja através do convívio com aquelas mais próximas ou apenas acompanhando a vida pública de algumas.

É por isso que devemos nos sentir enlutados com a perda repentina de Jefferson Péres. Logo agora, num momento em que nosso País vive uma profunda carência de referenciais de ética, moralidade e zelo com a coisa pública. Resta a consoladora esperança de que o irretocável testemunho do senador amazonense sirva como exemplo de que é possível, embora incomum, contarmos com boas referências também na política.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Viva o tempo que se chama hoje

Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. (Mt 6.34)

Dunga fez nova convocação da seleção brasileira de futebol. A lista divulgada confirma a coerência do treinador em dar preferência aos atletas com bom desempenho em seus clubes. Torcedores e a imprensa concordam com o critério adotado. Seleção é momento, por isso deve-se contar com aqueles que estejam bem hoje.

Tenho um colega no trabalho que está enfrentando problemas no casamento. A esposa fez uma opção religiosa diferente da que eles seguiram durante mais de quarenta anos. Há quatro meses que ele praticamente não fala com a mulher. Justifica o silêncio renitente quando pensa que vai se aposentar daqui a dois anos e não poderá ir junto com sua amada à mesma igreja.

O passado ficou lá atrás e dele deveríamos guardar apenas as lições. O futuro só existe na nossa imaginação. O que você e eu temos de verdade é apenas o presente. Por isso, seja inteligente e desfrute da melhor e mais responsável maneira o seu agora. Sem o peso do passado. Nem tampouco a ansiedade diante do futuro. Viva o tempo que se chama hoje.

Não sei como Dunga aprendeu a valorizar o momento presente, tornando esse princípio até como regra para suas convocações. Mas conversei com meu colega e sugeri que fosse correndo para casa e convidasse a esposa para tomar um sorvete juntos, esquecendo todo o mal entendido. Afinal, viver com gratidão e entusiasmo o dia de hoje é a sábia receita de vida prescrita por Aquele que nos criou e, por isso, conhece perfeitamente o que é melhor para nós.

domingo, 11 de maio de 2008

Mãe, obrigado pelo legado que eu precisava

A mulher sábia constrói o seu lar,
mas a que não tem juízo o destrói com as próprias mãos.
(Pv 14.1)

Procuro sempre lembrar aos meus filhos que não tenho herança para deixar. Alerto para não contarem com qualquer tipo de patrimônio ou bens materiais que possam facilitar a vida deles. Se há algum legado com que eles devem considerar é a educação ainda possível de oferecer-lhes e um testemunho pessoal pautado em valores éticos e humanos.

Se você é pai ou mãe, sugiro que faça o mesmo. Facilidade demasiada durante a formação de nossos filhos poderá representar maior despreparo deles lá na frente. Mesmo que você disponha de muita riqueza para deixar, cuide para que eles “sejam” a fim de que saibam “ter”. E isso, naturalmente, começando pelo exemplo pessoal que venham a enxergar em seus próprios pais.

Por isso, quero homenagear minha mãe renovando a gratidão por tudo que ela fez por mim. Sua presença constante. O carinho inestimável. O apoio incondicional nos momentos mais difíceis. As palavras de encorajamento que sempre apontavam para um futuro positivo. Enfim, o essencial daquilo que, verdadeiramente, todo ser humano precisa para construir seu próprio destino.

Minha oração é para que todas as mães percebam a importância de cada uma em seus próprios lares. Que possam compreender o quanto Deus precisa delas para continuar mostrando ao mundo o valor da família, principal projeto divino para a humanidade. E que busquem nEle a sabedoria necessária para oferecerem o seu melhor diante da desafiadora e sublime tarefa que é ser mãe.